São tempos difíceis para os cristãos da Terra Santa. A pobreza, a migração e as guerras estão a exercer uma pressão cada vez maior sobre eles. Mas há um tempo de solidariedade e de esperança para a coleta da Terra Santa. "A oração, que tem um valor infinito, a peregrinaçõese agora, o Coleção pontifícia As celebrações de Sexta-feira Santa nos Lugares Santos são muito importantes para as comunidades cristãs da Terra Santa.
Luis Quintana (Burgos, 1974), franciscano da Ordem dos Frades Menores (ofm), presidente dos comissários (como embaixadores) de Espanha e Portugal, e representante em Espanha da Custódio da Terra SantaFrancesco Patton. O lema da Jornada deste ano, que inclui a coleção e outras coisas: oração, motivação, cartaz, tríptico, etc., é: "Terra Santa, porta aberta à esperança".
O coração, cativado nos Lugares Santos
Numa conversa a sós, na paróquia de Cristo de la Paz, no bairro madrileno de Carabanchel, dirigida pelos franciscanos, o P. Luis Quintana, de Burgos, falou-nos com franqueza. Falámos da importante Coleção que agora estamos a detalhar, do seu destino e do Jubileu. Mas antes disso, perguntámos-lhe qual foi a sua primeira relação com Terra Santae para o contexto.

"Em setembro de 2000, fui à Terra Santa pela primeira vez, e foi aí que o meu coração foi conquistado pelos Lugares Santos, pela Terra Santa. Por isso, quando fiz os meus votos solenes em 2006, pedi para ir lá fazer uma longa experiência. Foi de fevereiro a julho de 2007", revela Frei Luís.
"Os cristãos que lá estão são a passar um mau bocado. Atualmente, são menos de 1,5 por cento. Não existe nenhuma família cristã em Betânia, embora existam duas comunidades religiosas (os franciscanos e uma congregação de mulheres). Marta, Maria e Lázaro eram três pessoas em Betânia. Em Emaús há uma família cristã", sublinha.
Coleta da Sexta-feira Santa: habitação, emprego, educação e cuidados de saúde
É sempre útil saber a que se destina o produto da coleta. Oitenta por cento do que a Custódia da Terra Santa recebe vai para a ação social e 20% para a manutenção dos santuários. E o que é a ação social? Há quatro conceitos, explica o P. Luis Quintana.
"Primeiro, a habitação. A Custódia possui muitas casas. Elas, as famílias, pagam a renda, a eletricidade, o gás e a água. Nós temos a propriedade e as obras, a manutenção".
"O segundo objetivo é o trabalho. Há quase dois mil empregados diretos na Custódia, muitas escolas, quase 40.000 alunos, hospitais, centros de saúde. Dar trabalho é muito importante".
Educação cristã na Terra Santa
"Em terceiro lugar, a educação, que também é muito importante. Tanto para os cristãos como para os muçulmanos, não fazemos distinção", diz. "Uma educação baseada no cristianismo, são escolas confessionais. E o comissário começa a contar histórias concretas, a ideologia:
"Em maio, todos os dias, flores para Maria. No Natal, as salas de aula estão cheias de presépios, crucifixos em todas as salas de aula e muitos pormenores. Os muçulmanos querem a nossa educação. Mas também há algo do nosso lado: quando chega o Ramadão, acabamos as aulas um pouco mais cedo; se morre um pai de uma criança muçulmana, as crianças cristãs vão rezar à mesquita; nas aulas de religião, os cristãos e os muçulmanos são separados.
Tolerância ao Islão, escolas confessionais cristãs
Vá lá, nós encorajamo-lo. E continua: "Há muita tolerância em relação ao Islão, mas a escola é uma escola de confissão cristã. A Nossa Senhora está no pátio, todas as festas cristãs são celebradas, como a Quarta-feira de Cinzas. Os muçulmanos preferem sobretudo as escolas cristãs. A primeira escola para rapazes na Terra Santa era cristã, a segunda era judaica e a terceira muçulmana. Com as raparigas foi a mesma coisa. E com a escola mista, o mesmo. A primeira escola mista era cristã.
"As nossas grandes escolas são Jerusalém, Belém em segundo lugar, Jericó e Nazaré. Depois há mais. Estas são as principais. Referimo-nos também ao colégio de Amã, na Jordânia, e ao colégio de Damasco, na Síria. E o de Beirute, no Líbano".
"O quarto bloco, como já falámos, é a saúde. Centros de saúde, hospitais, dispensários, nalguns casos são dispensários paroquiais, como na Síria; há muitas fórmulas...".
Um pouco de história: a Custódia e a coleção, origens no século I
A Custódia da Terra Santa foi fundada por São Francisco de Assis em 1217, com o envio dos primeiros frades, e foi confiada aos franciscanos pelo Papa Clemente VI em 1342.
Hoje está presente em Israel, Palestina, Jordânia, Egito, Síria, Líbano, Chipre e Rodes. "No Egito, as vocações cresceram tanto que agora têm uma província independente", diz o P. Luis Quintana.
O Custódio da Terra Santa e a sua equipa insistiram na importância deste apoio à coleta de Sexta-feira Santa, que foi iniciada por São Pedro e São Paulo, tal como consta dos Actos dos Apóstolos, e que tem sido celebrada ininterruptamente desde 1420, há 605 anos.
Algumas palavras do Custódio italiano poderiam ser destacadas a título de exemplo, a partir do Ministro Geral ou o Vigário egípcio da Custódia, P. Ibrahim FaltasO Papa Francisco gosta muito dele, já o mencionou várias vezes, e tornou-se famoso porque, no rescaldo da guerra de Gaza, levou várias crianças para serem operadas em hospitais em Itália. Mas isto seria demasiado longo. Pode consultá-los você mesmo.

Três Portas Santas para o Jubileu da Esperança
Para concluir, há dois aspectos que o P. Luis Quintana gostaria de referir. São as Portas Santas do Jubileu em Terra Santae a capela da Imaculada Conceição, recentemente benzida.
"Estamos no ano da esperança, o Jubileu é um sinal de esperança, e há três Portas Santas para ganhar o Jubileu em Israel: "Nazaré, onde o Verbo se fez carne, a Anunciação; Belém, onde Jesus nasceu, a Natividade; e o Santo Sepulcro, onde Cristo ressuscitou, Jerusalém".
"No ano passado, o slogan, a linha geral, era em torno do vermelho, do sangue, a Terra Santa ainda está a sofrer, a guerra tinha acabado de começar em 7 de outubro. Queríamos exprimir o sofrimento e a imagem era o Getsémani".
"Este ano, mudámos para verde, esperança, jubileu, portas abertas, a porta aberta com os franciscanos a saírem em procissão com a Cruz, Cristo sai ao nosso encontro para nos acolher, uma linha que quisemos manter".

Capela da Imaculada Conceição na Terra Santa
Um exemplo desta esperança pode ser encontrado numa notícia. A inauguração de uma nova capela na Terra Santa, como nos conta o P. Luís. "O dia 5 de abril foi um dia muito especial para a nossa Província da Imaculada Conceição, um dia histórico, porque inaugurámos uma nova capela na Terra Santa, financiada pelo nosso Comissariado da Terra Santa, e demos-lhe o nome da Província: "Capela da Imaculada Conceição".
O Arcebispo de Toledo, Monsenhor Francisco Cerro, presidiu à Eucaristia na Capela Superior de Nossa Senhora de Guadalupe, no Campo dos Pastores (Beit Sahour, perto de Belém), na presença de Fr. Francesco Patton, Custódio da Terra Santa, de um numeroso grupo de franciscanos e de sacerdotes seculares, do Cônsul Geral, Javier Gutiérrez, e de muitos espanhóis residentes na Terra Santa, tanto em Israel como nos territórios da Autoridade Nacional Palestiniana.
Luis Quintana recorda que a Terra Santa tem agora uma nova capela, graças à generosidade dos peregrinos espanhóis (razão pela qual já foi baptizada de "a capela espanhola"). "É a primeira vez na história que a Província Franciscana financia uma capela na Terra Santa, com capacidade para mais de 200 pessoas", acrescenta.
